A Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (ETCC, ou tDCS, na sigla em inglês) é uma tecnologia inovadora e não invasiva aplicada em diversos campos da medicina. Consiste em um dispositivo de estimulação elétrica com dois eletrodos posicionados sobre áreas específicas da cabeça ou pescoço do paciente, de acordo com suas necessidades individuais. Esses eletrodos administram uma corrente elétrica de baixa intensidade que pode modular a atividade cerebral ou medular.
O cérebro é concebido como um órgão dinâmico e "maleável", capaz de adquirir novas habilidades ou recuperar as perdidas devido a lesões como traumatismos cranianos, acidentes vasculares cerebrais ou distúrbios motores. A ETCC potencializa os resultados da terapia física, ocupacional ou da fala, acelerando a recuperação de habilidades como linguagem, movimento, equilíbrio e funções diárias.
Um dos pontos positivos é que a tDCS foi projetada para uso seguro e conveniente no ambiente doméstico.
Na medicina de reabilitação, a ETCC desempenha um papel fundamental, sendo aplicada por especialistas que a utilizam para tratar diversas condições que afetam a funcionalidade dos pacientes, tais como traumatismos cranianos, AVC, esclerose múltipla, distúrbios do movimento, dificuldades de memória e dores de cabeça.
Pacientes que sofreram um AVC e experimentam fadiga persistente, dificuldades de fala, movimento de membros ou problemas de memória podem se beneficiar significativamente da terapia com ETCC.
Quanto à aparência do dispositivo, existem diversas variantes no mercado, sendo que o modelo típico se assemelha a uma pequena caixa eletrônica retangular, com dois pontos para conexão de fios que se ligam a eletrodos de borracha, os quais são umedecidos em solução salina para permitir a passagem da corrente elétrica para áreas específicas da cabeça ou pescoço.
A ETCC complementa outras terapias ao modificar a excitabilidade dos neurônios, ampliando os benefícios da terapia física e ocupacional, por exemplo, quando aplicada durante a aprendizagem ou reaprendizagem de movimentos ou habilidades motoras.
Quanto aos efeitos colaterais, geralmente são leves e bem tolerados, como coceira, formigamento, sensação de queimação sob os eletrodos, eventual dor de cabeça, tontura ou leve fadiga, dissipando-se em minutos após o tratamento.
A seleção da área do cérebro a ser estimulada é baseada na atividade específica realizada durante a terapia, levando-se em conta também o histórico médico do paciente, como lesões cerebrais anteriores.
A ETCC é considerada de baixo risco, sem eventos adversos graves relatados em estudos com animais ou participantes humanos.
Candidatos ideais para essa terapia domiciliar incluem pacientes com histórico de AVC, lesão cerebral traumática ou distúrbios motores, buscando melhorar a resposta à terapia física, ocupacional ou da fala. No entanto, a ETCC não é recomendada para pessoas com objetos metálicos na região da cabeça, olhos ou pescoço, nem para aquelas que possuem dispositivos elétricos implantados no corpo, como bombas, estimuladores ou marca-passos. Pacientes com histórico de convulsões ou epilepsia devem usar a ETCC com cautela.
Fonte: Weill Cornell Medicine
Foto: Weill Cornell Medicine